terça-feira, 21 de setembro de 2010

Imprensa no centro do debate eleitoral

Reproduzo artigo de Ricardo Kotscho, publicado no blog Balaio do Kotscho:

Sou de um tempo muito antigo, como vocês sabem, quando a imprensa ainda publicava notícias. No momento em que a própria imprensa vira notícia, como está acontecendo agora na campanha eleitoral, alguma coisa está errada.

“Em evento, Dilma acusa Folha de parcialidade”, destaca a Folha de S. Paulo, em sua primeira página desta terça-feira.

Manchete do site do jornal O Globo abrindo o dia: “Após ataques de Lula, MST e centrais sindicais se juntam contra a imprensa”. Várias entidades do movimento social, informa o jornal carioca, marcaram para quinta-feira, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, um “Ato contra o golpismo midiático”.

Até os quartéis já entraram na roda. Na mesma quinta-feira, no Rio de Janeiro, foi marcado pelo Clube Militar, tradicional reduto das fardas mais reacionárias, um debate sobre “A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão”. Jornalistas convidados: os democratas Reinaldo Azevedo, da Veja, e Merval Pereira, de O Globo.

O clima que se vive neste momento decisivo da campanha presidencial de 2010, a apenas 11 dias das eleições, pode ser resumido no convite para o ato de São Paulo:

“Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada”.

A escalada da radicalização, que colocou a imprensa no centro do debate eleitoral como parte e não apenas testemunha do processo, começou há cerca de quatro semanas, quando as pesquisas mostraram um quadro estabilizado, indicando decisão no primeiro turno, baseada a trilogia de capas do “polvo” da revista Veja e a série de reportagens da Folha para desconstruir a imagem e a campanha da candidata Dilma Rousseff.

O auge se deu no último fim de semana, com o discurso do presidente Lula, num comício em Campinas, em que ele fez seu mais violento ataque à grande imprensa nesta campanha.

“Nós somos a opinião pública (…) Não vamos derrotar apenas nossos adversários tucanos. Vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não têm coragem de dizer que são um partido político”.

Na segunda-feira, no Rio, a própria candidata Dilma, acusada pelo jornal de favorecer uma empresa em 1994, também perdeu a paciência com a Folha e partiu para o ataque:

“Eu queria fazer um protesto veemente contra a parcialidade do jornal Folha de S. Paulo. Eu fui julgada pelo Tribunal de Contas do Estado e todas as minhas contas foram aprovadas (…) A matéria é parcial e de má fé!”, acusou ela, de dedo em riste, em seu primeiro desabafo na campanha.

Curioso é que, enquanto subia a temperatura no confronto entre o PT e a imprensa, o candidato tucano José Serra se afastava do tiroteio, preferindo apresentar novas promessas ao eleitorado a cada dia. A mais recente foi oferecer o 13º aos beneficiários do Bolsa Família.

Serra já tinha prometido dobrar este benefício e elevar o salário mínimo para R$600, além de asfaltar a Transamazônica e construir 400 quilômetros de metrô. Como ninguém da imprensa lhe indagou de onde virão os recursos, caso seja eleito, o candidato parece ter gostado da nova estratégia.

Melhor assim. O clima de beligerância dos últimos dias não contribui para melhorar a nossa democracia nem as nossas vidas. Está na hora de todo mundo baixar a bola e deixar o eleitor decidir com tranquilidade o que ele quer para o futuro do país.

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3 comentários:

Anônimo disse...

Os PIGs não escrupulos esconde o tudo de errado do PSDB e acusa a Dilma com varios factoides para fazer barulho... Porra bicho paciencia tem limites....

Rogerio disse...

Agora não dá mais.
A mídia golpista sentiu o golpe e vai reagir com todas as forças que puder.
As denúncias de parcialidade que Lula e Dilma lançaram contra o PIG, deixaram os barões da mídia desarvorados.
Agora, eles estão querendo se fazer de vítimas e estão dizendo em suas matérias que vamos promover hoje à noite, no Rio, um “ato contra a imprensa”, por que seríamos contra a liberdade de expressão.
É preciso dar nome ao nosso ato, senão os mestres da manipulação irão dizer que nosso protesto é chapa-branca e dirigido CONTRA TODA A IMPRENSA, o que seria um absurdo.
É preciso dizer claramente que nosso ato não é contra a imprensa toda, mas sim contra os três jornais que APOIARAM O GOLPE MILITAR DE 1964, que são o Globo, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. E mais a Veja, revista do grupo racista Naspers, defensor do regime do“apartheid”.
Chega de imprecisão!
Chega de dar a volta do lado! Chega de falar por metáforas!
É preciso denunciar quem são os golpistas e sua história de atentados à democracia, manipulação e subserviência ao governo dos Estados Unidos da America.
É preciso dizer os nomes não apenas dos jornais e revistas, mas dos seus donos e de como eles fizeram fortunas servindo, sem licitação, à maquina de propaganda do regime de exceção!
É preciso dizer que nosso ato será, entre outras coisas, para a responsabilização criminal e política dos senhores Roberto Marinho, Otávio Frias e Julio Mesquita e dos seus familiares e empregados que os ajudaram a impor um regime de exceção, que fechou jornais, prendeu, torturou e matou sem julgamento, milhares de brasileiros e brasileiras.
Nosso ato deveria ter nome e esse nome deveria ser “1964, nunca mais! Um ato Contra a Rede Globo, os jornais Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo e a revista Veja, por pregarem, novamente, como em 1964, o Golpe de Estado e o fim da democracia.

Sel Gallucci disse...

Bom dia! Chamo a atenção para o Jornal da Dez da Globo News http://globonews.globo.com/videos/v/lula-volta-a-criticar-meios-de-comunicacao/1341680/ e também para o programa Entre Aspas http://globonews.globo.com/videos/v/presidente-lula-volta-a-criticar-a-imprensa-brasileira/1341782/ Fiquei indignada com tamanha manipulação da informação, eles nos chamam de ignorantes e que diz não sabemos o que estamos fazendo! É um horror! Fala que blogueiros, centrais sindicais e associações de classe são patrocinados pelo governo. Além de dizer que os pequenos jornais e os regionais são contralados pelo governo por receberem dinheiro do governo. Eles declaram guerra! É impressionante! E ainda se fazem de vítima! Veja os vídeos e tire suas conclusões.