segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rodrigo Vianna e o encontro de blogueiros

Reproduzo entrevista concedida ao jornalista André Cintra, publicada no sítio do Barão de Itararé:

Fazer um encontro “o mais nacional possível” para aproximar blogueiros de todo o Brasil e tornar “mais efetiva” uma rede de “contraponto à informação dominante”. Segundo o jornalista Rodrigo Vianna, este é o objetivo do 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorre em São Paulo, de 20 a 22 de agosto.

Diretor de comunicação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro da Comissão Organizadora do Encontro, Rodrigo opina, na entrevista abaixo, sobre as perspectivas do evento em particular — e da mídia alternativa em geral. Confira.

O que é possível esperar do encontro?

O objetivo principal do encontro é aproximar as pessoas para facilitar algo que já existe na internet — que é essa rede informal de troca de informações. A maioria desses blogueiros que trocam mensagem pela internet não se conhece pessoalmente. Então o principal ponto do encontro é essa aproximação entre eles.

Às vezes, um blogueiro baiano está mais bem informado sobre um assunto específico da Bahia e manda mensagem para o pessoal do Sudeste ou da Amazônia. Se você conhece o sujeito pessoalmente, sabe quem ele é e tem referência, dá para confiar e bancar o texto dele, pôr no seu blog.

Há outras questões mais políticas, mais gerais, como reivindicar a regulamentação dos artigos da Constituição sobre comunicação e brigar para que o Plano Nacional de Banda Larga seja efetivado. Tudo isso também é importantíssimo nessa luta pela democratização da comunicação — e o Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas é um momento de ajudar a trazer esses assuntos para o debate.

O que você tem feito para disseminar o encontro?

Da maneira que eu posso, estou ajudando na Comissão Organizadora, divulgando o encontro, conversando com alguns blogueiros. É um trabalho de formiguinha. Tenho mandado e-mails e incentivado blogueiros — principalmente de fora de São Paulo — a participarem. O encontro vai acontecer em São Paulo, mas a ideia é que seja — e vai ser — o mais nacional possível.

Também vou ter outra participação, que é mediar a mesa de abertura do encontro. É um debate — “O Papel da Internet” — com o Luis Nassif e o Paulo Henrique Amorim, mais a Débora Silva, do blog Mães de Maio.

Quais são suas expectativas para o encontro?

Acho que está progredindo bem — já são 240 inscritos. Tenho o retorno de muita gente que me escreve para perguntar como se inscrever, qual é o caminho, quando é que vai ser. Por mais que a gente divulgue, as pessoas ouvem que vai ter o encontro, mas têm 1.001 atribulações e preocupações. Por isso é que é importante estar o tempo todo falando e deixar as pessoas em contato.

Acho que a gente vai passar de 300 participantes nesse 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Trazer esse povo todo para discutir, fazer o debate, está bom demais. É o embrião do que pode se tornar uma rede mais efetiva de contraponto à informação dominante.

Para você — que está tanto numa emissora da grande mídia (a TV Record) como num blog (o Escrevinhador) —, qual é a força da mídia alternativa hoje? Já dá para peitar a ditadura da mídia ou é só o começo dessa luta?

Sou otimista, mas também sou cauteloso. Se a gente pensar em oito anos atrás, existia pouquíssima coisa — talvez a revista Caros Amigos, um ou outro jornal popular — para se contrapor à mídia tradicional.

Há quatro anos, já se criou uma pequena rede. Durante as eleições 2006, houve, de alguma maneira, um pequeno contraponto aos grandes organismos de imprensa — mas ainda bastante limitado. Quem teve um papel importante foi a revista CartaCapital, com a matéria do Raimundo Pereira. Depois a rede acabou espalhando a matéria por todo o Brasil.

Então, se você for comparar de oito anos para cá, melhoramos muito, temos um peso maior. Acho que a gente faz um contraponto bastante razoável à imprensa escrita — mas não dá para comparar o peso da televisão. A televisão é muito mais poderosa ainda do que a internet no Brasil. É algo massacrante: 98% dos brasileiros veem televisão, e talvez apenas 30% ou 40% tenham acesso à internet.

Está aumentando o número de pessoas com acesso, mas, ainda assim, é muito pouco. É preciso analisar os dados com cuidado. Nem todo mundo entra na internet para se informar. A moçada vai muito às lans houses é para jogar — não para buscar sites ou blogs de informação.

E como se melhora esse cenário?

Com a banda larga. Quanto mais houver acesso ao computador e à internet, um percentual maior de pessoas poderá ser incorporado a essa rede alternativa de informação. Por isso é que o Plano Nacional de Banda Larga é tão estratégico.

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