sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Boris Casoy e a revolta dos garis

O âncora Boris Casoy, do alto da sua arrogância, talvez não esperasse tamanha reação a sua frase preconceituosa no Jornal da Band da virada do ano. Na ocasião, vale sempre repisar, um vazamento do áudio permitiu ouvir o seu asqueroso ataque aos garis paulistas. “Que merda. Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”. Na sequencia, o apresentador até pediu desculpas – pelo vazamento, mas não pelas idéias elitistas.

Cadê o “independente” Hélio Costa?

Graças à guerrilha informativa na internet, que tanto atormenta os colunistas da mídia “privada”, o vídeo foi assistido por mais de 1,2 milhão de pessoas em apenas oito dias. Nos blogs e sítios progressistas, milhares de internautas registraram sua bronca diante do patético elitista. Alguns, mais irritados, exigiram a sua imediata demissão da TV Bandeirantes; outros, mais sarcásticos, sugeriram que os garis não recolhessem mais os seus detritos ou que Casoy fosse obrigado a varrer as ruas paulistanas como punição; muitos informaram que não assistirão mais o Jornal da Band.

O jornalista Paulo Henrique Amorim, incorporando sugestões de seus leitores do blog Conversa Afiada, fez uma proposta mais prática. Iniciar uma campanha nacional exigindo que o ministro das Comunicações, “o independente” Hélio Costa, e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o incompetente órgão que deveria regular o setor, cobrem explicações do âncora e da própria emissora sobre o episódio criminoso. “O ministro da Justiça também pode fazer alguma coisa sobre o papel edificante da Band e do Boris Casoy”, acrescentou.

Ações na Justiça e protestos

A reação mais esperada, entretanto, era a dos próprios garis e o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco) já decidiu entrar com ação civil e criminal contra o jornalista, exigindo sua retratação na Justiça. “O Casoy se esqueceu que limpeza significa saúde pública e, se os nossos ‘lixeiros no alto de suas vassouras’ não cuidassem da cidade, certamente viveríamos no caos. Podemos viver sem notícias, mas não sem limpeza pública”, protesta Moacyr Pereira, presidente do Siemaco.

O sindicato até tentou entregar uma carta de repúdio a Boris Casoy na sede da TV Bandeirantes, mas sequer foi recebido – numa segunda humilhação contra a categoria. A cada dia que passa, a cena deprimente gera maior revolta. A direção da empresa está emparedada, sofrendo desgaste, e não tem mais como fugir do assunto. Reproduzo abaixo duas notas do Siemaco. A primeira com críticas à falta de sensibilidade da TV Bandeirantes; a segunda, de repúdio ao deprimente âncora:

“Garis são humilhados duas vezes”

Não bastasse a frase desrespeitosa: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”, captada pelo áudio aberto no encerramento da saudação de feliz 2010 de garis e varredores, hoje (4/01), ao tentar entregar uma carta a Boris Casoy e à TV Bandeirantes, os diretores do Siemaco foram mais uma vez humilhados.

Uma jornalista que se apresentou como Albertina e se disse chefe de redação não quis, sequer, assinar o protocolo de recebimento. Não autorizou, inclusive, que os diretores do Siemaco entrassem nas dependências da TV Bandeirantes. Atitude que confirma que a desculpa de Boris Casoy não passou de uma formalidade e que prevalece o preconceito e o tratamento desrespeitoso com a categoria, com os seus representantes legais e com os trabalhadores e trabalhadoras da limpeza urbana de São Paulo.

Por isso, publicamos esta “carta aberta à população” em busca de atitudes menos preconceituosas e para insistir na adoção de hábitos democráticos. Os garis e varredores de São Paulo queriam provar para a TV Bandeirantes e para Boris Casoy que não aceitam a classificação desrespeitosa: “O mais baixo na escala do trabalho”. O preconceito e afronta aos mínimos hábitos democráticos se confirmam pelas atitudes da TV Bandeirantes em não receber nossa carta de protesto e pelo tratamento desrespeitoso da jornalista Albertina, subordinada a Boris Casoy.


Carta aberta à população

Fazemos questão de registrar, formalmente, nossa indignação com a frase do apresentador Boris Casoy, da TV Bandeirantes, no dia 31 de dezembro de 2009, quando afirmou: “Que merda... dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”.

Não aceitamos as desculpas do apresentador, que foram meramente formais ao ser pego ao manifestar o que pensa e que, infelizmente, reforça o preconceito de vários setores da sociedade contra os trabalhadores garis e varredores, responsáveis pela limpeza da nossa Capital.

O esforço que os trabalhadores e trabalhadoras fazem, apesar de enfrentarem atitudes preconceituosas como a expressa por Boris Casoy, muito nos orgulha, pois sabemos que somos parte integrante da preservação da saúde pública de nossa querida São Paulo.

3 comentários:

André Lux disse...

Miro, dá um pulo em meu blog e veja o diálogo grotesco que travei com o "jornalista" Fábio Pannunzio no blog dele.

http://tudo-em-cima.blogspot.com/

J. Pinto Durão disse...

Miro,
Postamos sobre o caso Bóris Casoy.
Por favor se for possível visite o nosso blog, ok? E divulgue.
Abraços

www.militanciaviva.blogspot.com

Anônimo disse...

O segredo de se superar grandes escândalos no Brasil, é o silêncio midiático (PIG); O resto fica por conta do judiciário.
Obs: essa regra só é quebrada quando o provável escândalo vier da ala esquerdista.
Nefilin