sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O coro da mídia pelo “corte de gastos”

Por Altamiro Borges

Os empresários seguem a risca o ditado de “quem não chora não mama”. Diante da grave crise que se abate sobre a economia capitalista, eles procuram empurrar o seu ônus para as costas da sociedade, em especial dos trabalhadores. No ciclo da bonança, privatizaram os lucros; agora querem socializar os prejuízos. A caradura dos capitalistas, maiores responsáveis pela atual crise – com seus dogmas neoliberais do “estado mínimo” e da total desregulamentação financeira – é impressionante. Eles afundaram a economia e querem que os trabalhadores paguem o pato.


Nas últimas semanas, a mídia hegemônica alardeia a proposta do “corte dos gastos públicos”. Os empresários são beneficiados com novas linhas de crédito e redução do compulsório aos bancos, que já injetaram bilhões nas empresas. Mas eles exigem mais: eles querem arrochar os servidores públicos, abortar a valorização do salário do mínimo, penalizar a Previdência e reduzir os “gastos sociais” do orçamento. Segundo Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, este gastos “são inúteis” e o governo deveria cortá-los para “garantir mais crédito aos investimentos e às empresas”.

Ganância destrutiva do capitalismo

A proposta do “corte dos gastos” evidencia a ganância destrutiva dos capitalistas. Os adoradores do “deus-mercado”, partidários da “mão invisível (e assassina) do mercado”, não enxergam que a redução dos investimentos públicos – seja na Previdência, no salário mínimo ou no programa Bolsa Família – restringirá ainda mais o consumo da sociedade, o que terá impacto negativo na produção e, de quebra, no emprego e renda. Um círculo vicioso, satânico, que dificultaria ainda mais a saída da atual crise econômica. Serviria apenas aos especuladores, os culpados pela crise.

A cegueira dos empresários, difundida pela mídia burguesa, é tanta que eles não ouvem sequer os conselhos de renomados economistas e nem observam os movimentos inversos realizados por outras nações capitalistas. Até nos EUA, pátria da desregulamentação, o governo apresentou pacote estimulando o consumo da sociedade e elevando os gastos públicos. Para Paul Krugman, ganhador do Premio Nobel de Economia, “no momento, aumentar os gastos públicos é a decisão acertada a ser tomada pelo governo dos EUA. Do contrário, a recessão será mais cruel e longa”.

3 comentários:

ARY TAUNAY FILHO disse...

Miro,
Não podemos confundir cegueira dos empresários com vício dos empresários. Aqueles que não se adequarem a nova era econômica que se instala pós neoliberalismo nefasto, vão passar por períodos mais difíceis do que os que aceitarem que a festa do "ganhar muito sem fazer nada" acabou.
Na nova visão ganha quem trabalha muito e não quem especula muito. Na nova visão voce investe na atividade, cresce, ganha e gera mais impostos para serem aplicados em infra-estrutura e programas sociais. A aplicação em infra-estrutura beneficia o investidor em trabalho e a aplicação em programas sociais aumenta o consumo, que por sua vez aumenta a produção e as vendas daquele que investiu em trabalho lá no início.
É a ciranda do trabalho, um círculo que se fecha em benefício de todos, ao contrário da ciranda da especulação, onde voce produz, ganha e aplica na especulação mobiliária, não gerando mais nada e cortando o ciclo do trabalho.
O vício dos capitalistas de oportunidades é criar uma empresa e mantê-la do mesmo tamanho, produzindo sempre apenas o suficiente para possibilitar a especulação, que rende mais para eles do que trabalhar. O país e o povo que se dane. Acabou a festa! Querem ganhar vão trabalhar, gerar empregos e impostos, ou optem por quebrar e assistir quem quer trabalhar ganhar.
Ary Taunay Filho

Anônimo disse...

Caaalma! Você sabe que tem uns retardados que demoram mais para cair a fixa. Deixa o movimento começar lá fora que eles não terão mais quem se espelharem e acabarão mudando aqui. Ou isso ou eles quebram.

Anônimo disse...

Antes da crise "estourar" de vez, já havia um movimento de governadores de alguns estados contra o piso nacional para o magistério (R$ 950). Agora, após as eleições, retornam à carga. E dessa vez com uma boa " justificativa":a crise. Que, pelo visto, caiu do céu para muitos...